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Generar Palavras

 

19/08/2015

Às 14h na Sala da DACE do CCSP

 

A escrita da violência

 

A proposta é realizar uma atividade de leitura-escrita a partir das questões disparadas pelas Oficinas Filosóficas. O objetivo é menos que cada participante consiga produzir um texto na ocasião do que a abertura de novas possibilidades de expressão e reflexão a partir dos procedimentos discutidos e experimentados.

 

Primeira parte (1h20) – O corpo e a escrita

 

Partindo dos contos “A queda” e “A carne”, do livro Contos frios, do cubano Virgílio Piñera, abordaremos dois procedimentos de escrita que são ao mesmo tempo opostos e complementares. Tendo como ponto de partida que para atos de escritura o corpo se escreve por partes, veremos como Piñera realiza em “A queda” o movimento de conjunção de partes de dois corpos em um desintegrar-se de cada corpo individual na formação de uma outra corporeidade. Já em “A carne”, veremos como a banalidade da autofagia comporta, ao mesmo tempo, a crítica social do lugar dos corpos e uma possibilidade de desdobrar do corpo que, ao deglutir-se, elimina sua organicidade. Em ambos os casos, o procedimento norteador surgirá da problematização da escrita do corpo. A aposta teórica que aqui se experimentará é a de que qualquer tematização das violências que sofre um corpo já é veículo de uma violência anterior, a saber, a impossibilidade de se escrever “o corpo” como totalidade. O que pretendemos explorar é como essa impossibilidade deflagra a potência da materialidade da linguagem duplamente para fazer sentir e expressar a violência que sofre o corpo.

 

Intervalo (20min)

 

Segunda parte (1h20) – Quando o corpo desaparece

 

Nesse segundo momento, a partir de poemas do livro Lamê, de Néstor Perlongher, e de fragmentos do livro O vidrinho, de Luis Gusmán, abordaremos a ausência do corpo como articulador de procedimentos de criação literária. No caso de Gusmán, a escrita paranoica surge pela falta de um corpo e pela violência do Estado que cobra do sujeito esse corpo ausente. Experimentaremos aqui uma aposta teórica que consiste em pensar que um dos aspectos centrais de certa literatura disruptiva que surge nos períodos ditatoriais é a tematização da violência como ausência do corpo, seja no sentido literal de um corpo que nunca aparece mas que interfere como latência na narrativa, seja no sentido literário de uma sintaxe perdida que organizaria convencionalmente a narrativa.

 

Generar Palavras seguinte: 23/09/2015 (A representação da mulher na canção popular brasileira)

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